sábado, 6 de junho de 2009

José Ermírio de Moraes O ímpeto guerreiro, que o fez construir um dos maiores impérios industriais do País, associado à fabricação de cimento, alumínio, ferro, aço e zinco, se forjou na vida de provações do menino nascido no solo seco do sertão pernambucano. José Ermírio de Moraes, que desembarcou neste mundo a 21 de janeiro de 1890, pertencia a uma típica família da aristocracia rural do Nordeste. O pai, Ermírio Barroso de Moraes, era um senhor de engenho já decadente ao morrer - o garoto tinha apenas dois anos de idade. A mãe, Francisca Jesuína Pessoa de Albuquerque, ou dona Chiquinha, como todos a chamavam, passou a administrar os negócios familiares na pequena Nazaré da Mata, a 60 quilômetros do Recife. Ladrões de cavalo Além de espantar os cangaceiros que tentavam roubar os cavalos, dona Chiquinha esmerava-se em viabilizar o sonho do falecido esposo, que desejava dotar o único filho homem sobrevivente na família de sólida formação intelectual e técnica. Não queria ver o moço enredado no bacharelismo em voga na época. Aos 16 anos, José Ermírio embarcou para os Estados Unidos para formar-se engenheiro de minas na Colorado School of Mines. "Cresci ouvindo meu pai elogiar a coragem de vovó Chiquinha", disse a ISTOÉ o filho e também empresário, Antonio Ermírio de Moraes.
Alguns meses após a partida, José Ermírio tratou de enviar uma carta para dona Chiquinha. Estava dispensando a mesada porque havia conseguido um trabalho fora do horário das aulas. Lá, pegou no cabo da pá nas minas de chumbo para se sustentar. Quando retornou ao Brasil, em 1921, tornou-se um profissional disputado a peso de ouro e foi contratado pela Secretaria da Agricultura de Minas Geais para percorrer em lombo de mula todo o Estado, com a incumbência de mapear as riquezas minerais da região. Desistiu de ser funcionário público porque ficou sem receber salário - os cofres públicos estavam raspados.
Em 1924, conheceu a paulistana Helena e seu pai, o industrial português Antônio Pereira Ignácio, dono do maior complexo industrial de tecelagem do País na época, em Sorocaba (SP), a Sociedade Anônima Fábrica Votorantim. Quando o portu-guês pôs os olhos naquele rapaz elegante e cheio de boas maneiras, sentiu instatânea afinidade. José Ermírio era o estereótipo do genro e sócio que todo pai procura. O casamento foi celebrado no sofisticado Hotel Esplanada, em São Paulo, em 1925. No mesmo ano, José Ermírio assumia a diretoria dos negócios do sogro e transformou a tecelagem num conglomerado de empresas com tentáculos em vários segmentos de mercado. Em 1933, iniciou sua audaciosa estratégia para expandir os negó-cios da empresa. Abriu uma indústria de cimento, cuja produção inicial foi destinada à construção do Viaduto do Chá, em São Paulo. Em 1935, ele fundou a Companhia Nitroquímica. Mas o grande salto aconteceu em 1938, quando criou a Usina Siderúrgica da Barra Mansa. O industrial pernambucano acreditava, por pura intuição, que o alumínio - até então importado - seria o metal do futuro. No início dos anos 50, abriu a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) para suprir a demanda no mercado brasileiro, com pleno êxito.
Em 1962, José Ermírio decidiu se afastar do comando da Votorantim para concorrer a uma vaga de senador pelo PTB de Pernambuco. Teve a campanha boicotada, mas conseguiu eleger-se. Os tecidos das faixas usadas para sua propaganda eleitoral eram de alta qualidade e, por isso, a população carente passou a roubá-las para a confecção de roupas. Em 1963, foi nomeado ministro da Agricultura do presidente João Goulart, cargo que ocupou durante apenas cinco meses. Veio o golpe militar, em 1964, e o industrial foi atacado por suas posições tidas como excessivamente progressistas, como a defesa da reforma agrária. No término de seu mandato de senador, em 1971, retornou ao comando do grupo Votorantim.

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